OPINIÃO | A estupidez de pararem as obras anti-enchente
Em artigo publicado no jornal Primeira Página no dia 3 de dezembro de 2020 os ex-prefeitos Newton Lima e Oswaldo Barba alertavam para as consequências que a interrupção de obras de combate às enchentes em São Carlos após 2012 causariam. Leia na íntegra o texto.
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A estupidez de pararem as obras anti-enchente
Newton Lima e Oswaldo Barba
Três enchentes no mesmo ano e oito anos sem providências efetivas para contê-las.
Em meio à dor que se abate sobre nós são-carlenses, até aqui não sabemos ao certo a dimensão econômica e social da catástrofe das enxurradas de 26/11. Mas as imagens foram tão dramáticas que nosso sofrimento invadiu, por vídeos, os lares dos brasileiros.
O poder público, mesmo ciente da gravidade do problema, dos estudos anteriormente realizados, das diretrizes do Plano Diretor e das ações concretas de macro e micro-drenagem realizadas pelos nossos governos entre 2001 e 2012, praticamente abandonou o programa de obras e ações e deu no que deu: tragédia anunciada!
Não só paralisaram o Plano de Combate às Enchentes como, pasme-se, o governo municipal do PSDB, por razão exclusivamente político-partidária, devolveu recursos já conquistados por nós junto ao governo federal, impedindo que as seguintes obras fossem realizadas:
- Duplicação do viaduto da Praça Itália com obras essenciais de drenagem da região da Lagoa Serena e CDHU da Vila Izabel (R$ 10 milhões);
- Alargamento da passagem do córrego Monjolinho sob a linha férrea na Rotatória do Cristo (R$ 5,3 milhões);
- Construção do piscinão no CDHU;
- Continuidade das contenções das margens do Monjolinho (marginal da av. Francisco Pereira Lopes).
É evidente que essas iniciativas não resolveriam por completo o secular problema de drenagem da baixada do mercado, mas é inquestionável que ajudariam a minimizar os impactos das enxurradas!
Registre-se que o atual governo deu sequência a uma das obras prevista (piscinão do CDHU), sem contudo, conseguir executá-la com o empenho e a urgência necessários.
Na recente campanha municipal, Erick Silva do PT foi o candidato que mais intensamente estabeleceu compromisso com o enfrentamento das enchentes, apresentando propostas que estão à altura da importância desse grave problema urbano da nossa cidade.
Com a reeleição do prefeito, espera-se um comportamento completamente diferente do que teve até aqui. Cabe a ele, sem vacilar, priorizar as ações da Prefeitura em macro e micro-drenagem, fortalecer o Plano Diretor, passar a acreditar na necessidade da sustentabilidade ambiental, construir um plano emergencial preventivo de defesa civil para as áreas mais vulneráveis e empenhar-se em alavancar recursos municipais, estaduais e federais para a execução das obras paralisadas, entre outras.
E é pra já, antes que a violência das águas incontidas deste e dos próximos verões produzam tragédias ainda mais devastadoras.
Que Deus ilumine o Prefeito!